O milho (Zea mays) é um dos principais cereais cultivados no mundo. Esta commodity se destina principalmente à composição de rações para animais, consumo humano e, mais recentemente, à geração de etanol. Estados Unidos, China e Brasil são responsáveis por aproximadamente 65% da produção mundial. No entanto, apenas o Brasil é capaz de cultivar o milho em duas safras consecutivas em um mesmo ano, conhecidas como milho primeira safra e segunda safra (safrinha). Em ambas as safras, no período 2019/2020, foram produzidas aproximadamente 103 milhões de toneladas deste cereal, provenientes de 19 milhões de hectares (CONAB, 2020). Na primeira safra, foram produzidas em torno de 26 milhões de toneladas em 4,2 milhões de hectares e, na segunda safra, aproximadamente 77 milhões de toneladas em 14,8 milhões de hectares (CONAB, 2020).
O potencial produtivo das lavouras de milho é fortemente influenciado pela ocorrência de severas epidemias de doenças
foliares, especialmente em híbridos suscetíveis. A mancha brancado milho, causada por Phaeosphaeria maydis (RANE et al., 1965; FANTIN, 1994) e Pantoea ananatis (PACCOLA-MEIRELLES et al., 2001; GONÇALVES et al., 2013), ocorre no país desde a década de 1980. Entretanto, a partir de 2010 houve aumento no número de ocorrências e danos, principalmente em cultivos de segunda safra em regiões de baixa temperatura, e a doença passou a representar
uma ameaça ao setor produtivo. Devido ao aumento significativo da área cultivada e da produção de milho segunda safra, a mancha branca tem se tornado um fator limitante para a produção sustentável do milho (FANTIN; DUARTE, 2009).
Os sintomas iniciais da doença se caracterizam por pequenas manchas foliares do tipo anasarca, de coloração verde-oliva. Posteriormente, as lesões progridem para a coloração verde-clara e depois se tornam esbranquiçadas ou de cor palha, com aspecto seco, e adquirem margens estreitas e bem definidas, de cor marrom escura ou avermelhada. Estas manchas apresentam forma arredondada ou alongada a oblonga, medem geralmente de 0,5 cm a 1,5 cm e são
distribuídas sobre a superfície da folha. Em seguida, as lesões podem coalescer, formando áreas com formato irregular. No centro das lesões velhas, dependendo das condições ambientais, pseudotécios podem ser formados e, menos frequentemente, picnídios, visíveis como pequenos pontos negros (FANTIN, 1994; REIS; CASA; BRESOLIN, 2004; FANTIN; DUARTE, 2009; CUSTÓDIO et al., 2019a, b).
Sob condições de alta severidade, a doença também pode afetar as brácteas da espiga. Normalmente, a doença tem início nas folhas do terço inferior da planta, próximas ao solo, progredindo rapidamente para as folhas do terço mediano e superior (COSTA et al., 2012).
Danos econômicos causados pela mancha branca são dependentes da suscetibilidade do híbrido associada ao cultivo em regiões com temperatura média inferior a 25 °C e alta umidade relativa do ar (REIS; CASA; BRESOLIN, 2004; FANTIN; DUARTE, 2009). Segundo Carson (2005), para cada 1% de aumento da severidade da mancha branca ocorre redução de 0,23% na produtividade de grãos. Em São Paulo, Fantin e Duarte (2009) observaram redução média de 1.933 kg ha-1 (30%) na produtividade em cultivares mais suscetíveis. Segundo Cota et al. (2013), se não controlada, a mancha branca pode causar reduções na produtividade de até 60% em híbridos suscetíveis.
O uso de fungicidas com eficiência superior de controle às principais doenças foliares da cultura do milho segunda safra é uma realidade em lavouras do país (COSTA et al., 2012; COTA et al., 2018; CUSTÓDIO et al., 2019a, b). Após o estabelecimento da cultura, este também é o principal método de controle para proteger os crescentes potenciais produtivos dos híbridos suscetíveis. Portanto, este trabalho objetivou conhecer a eficiência de controle e o ganho de produtividade resultantes do uso racional dos fungicidas atualmente registrados para a mancha branca do milho
tropical brasileiro.
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